Liçoes do e
Video Ambiente
Portal do Cidadão
 
 
JANTAR DE ACOLHIMENTO

JANTAR DE ACOLHIMENTO

8. Setembro. 2003

(Textos não revistos pelos oradores. Quaisquer erros são atribuídos à transcrição não revista das cassetes)

Carlos Coelho - Director da Universidade de Verão

 Exmo. Senhor Dr. Mota Amaral, presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro, Sr. Dr. José Luís Arnaut, secretário-geral do PSD, Sr. Dr. António Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, Sra. Deputada Leonor Beleza, Vice-Presidente da Assembleia da República e cabeça de lista do PSD pelo distrito de Portalegre, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Europeus Dr. Carlos Costa Neves, Srs. Deputados Jorge Nuno Sá presidente da JSD, Sr. Deputado Pedro Duarte, porta-voz do PSD, Sr. Deputado Gonçalo Capitão, Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PSD, Sr. Secretário-Geral Adjunto do partido, Sra. Secretária Geral da JSD, minhas senhoras, meus senhores, caros companheiros.

Sr. Presidente da Câmara de Castelo de Vide, antes de mais queria em nome de todos agradecer-lhe a disponibilidade para estar connosco esta noite, e para nos dirigir a palavra e por nos ter recebido tão bem nesta terra, neste Alentejo que sofreu tanto neste Verão quente. Relativamente a isso queria dizer-lhe que sabe, (não precisa que lho diga), que conta com todos nós, no país e lá fora para ajudarmos a colmatar as consequências dos fogos infernais que tivemos no Verão e a reconstruir o que for necessário, e recuperar o que for possível recuperar.

Alguns tentaram ainda fazer desta tragédia uma área para acções político-partidária.  Outros estiveram distraídos e não se empenharam o que deviam empenhar-se. Mas creio que de uma forma geral todos os portugueses sentiram que se fez o que era necessário fazer, e que o nosso governo (de que nos podemos orgulhar) esteve muito bem na rapidez de resposta quer no momento quer agora no apoio ás vitimas dos fogos, que assolaram o nosso país e vários outros países da UE que integramos.

 Durante muitos anos, o Senhor Presidente sabe isso melhor do que eu, Castelo de Vide foi governada pela esquerda desde o 25 de Abril, ou melhor desde as últimas primeiras eleições democráticas em 76, foi sempre a esquerda que governou Castelo de Vide.

-         Com a sua eleição, marcou-se também uma mudança neste conselho. Pela primeira vez, o PSD ganhou as eleições e os portugueses que aqui vivem e que aqui trabalham, podem esperar da Câmara Municipal, outra orientação, outro rumo, o rumos de progressos e desenvolvimento com uma liderança social-democrata, e por isso em nome de todos, pedia que erguessemos os nossos copos, para brindar ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide, a todos os portugueses que aqui vivem e trabalham, a todos os alentejanos de coração que podem esperar o melhor do PSD, do seu governo e da sua Câmara Municipal. Senhor Presidente, ao seu sucesso que é o sucesso desta terra.

Dr. António Manuel Grincho Ribeiro - Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide,

Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República, Dr. Mota Amaral,

Ex.mo Senhor Secretário Geral do PSD, Dr. José Luís Arnaut,

Ex.mo Senhor Secretário de Estado, Dr. Costa Neves,

Ex.mo Senhor Deputado Carlos Coelho, Director da Universidade de Verão 2003,

Ex.ma Senhora Deputada pelo Distrito, Dr.ª Leonor Beleza,

Ex.mo Senhor Deputado Jorge Nuno Sá, Presidente da Juventude Social Democrata,

Ex.mo Senhor Governador Civil do Distrito de Portalegre,

Caros Colegas Presidentes de Câmara,

Ex.mo Senhor Presidente da Comissão Política Distrital,

Ex.mo Senhor e amigo João Manuel Carvalho, Presidente da Comissão Política da Secção,

Ex.mos participantes,

Minhas senhoras e meus senhores,

As minhas despretensiosas palavras são naturalmente, em primeiro lugar, para manifestar a V. Ex.as as boas-vindas a esta terra de fundação medieval, cujo lema turístico Um lugar na memória induz dos valores patrimoniais e recursos naturais que a tornaram um destino turístico consolidado – desígnio particularmente difícil quando se está na periferia das periferias.

Em segundo lugar, quero congratular-me pelo facto da Comissão Política Distrital de Portalegre, certamente com o apoio da Secção Concelhia e com a aquiescência decisiva do Ex.mo Sr. Deputado Carlos Coelho, Director desta feliz iniciativa, tornaram possível a realização deste evento em Castelo de Vide. Para além da capacidade da nossa oferta turística, vejo implícito a esta escolha (aliás à semelhança da opção por Caminha para a realização do comício da recente rentrée) um gesto simbólico relacionado com o excepcional facto deste emblemático Município ter sido ganho pelo PSD nas passadas eleições de Dezembro de 2001, pela primeira vez desde as primórdias autárquicas de 1976.

No pressuposto de ser verdade esta minha dedução, reitero à organização deste evento os agradecimentos na opção destas coordenadas de lugar, porquanto será certamente a primeira vez na história desta Notável Vila que, em tão curto espaço de tempo, recebemos tão eminentes figuras  governativas e parlamentares da nossa esfera      político-partidária.

Assim, cumprida a formalidade das boas-vindas, com a sinceridade que caracteriza as pessoas desta terra, permito-me extravasar as obrigações de anfitrião e ousar tecer alguns comentários que a simples leitura do Programa desta acção me suscitou. São naturalmente modestos comentários que, na minha experiência de autarca e não de político dito de “carreira”, me parecem pertinentes para, eventualmente, subsidiarem a reflexão que cada uma das magistrais comunicações a proferir nos próximos dias nesta sala pressupõe. Algumas das quais, talvez, provocatórias, no bom sentido do termo, sem contudo desprestigiarem a acção particularmente difícil deste Governo ou pôr em dúvida o apoio às principais linhas programáticas que o mesmo está a implementar.

Na verdade, é unanimemente aceite a condição de, como afirma o Sr. Secretário de Estado Costa Neves, todos “Sermos Cidadãos Europeus”. Portanto, em tese, qualquer cidadão português goza dum estatuto de equivalência a qualquer outro cidadão que viva na Bélgica, Inglaterra ou França. Por paradoxo, na realidade das vivências europeias todos sabemos ser indiscutível o facto da média dos nossos concidadãos portugueses possuir um acentuado desnível económico-sócio-cultural em relação à maioria dos cidadãos dos  demais países europeus! Aliás, situação que leva insistentemente o nosso líder político a afirmar da necessidade de “arregaçar as mangas para recuperar o atraso”...

É, pois, gratificante saber, ainda segundo o nosso Primeiro-Ministro, que Educação, Cultura e Ciência são as áreas beneficiadas no próximo orçamento de 2004. Porém, implicitamente remete-se para as gerações futuras a responsabilidade da continuidade deste projecto, por forma a alcançar o desiderato de uma Europa mais equilibrada e harmoniosa onde o desenvolvimento sócio-económico esteja equiparado nos diversos países membros. Obviamente que este olhar que perpassa para o futuro tem um pleno sentido de esperança de que a vossa geração esteja igualmente motivada e preparada para tão responsável desígnio.

Por outro lado, a evidência de uma Europa a duas velocidades também pode ser transportada para a realidade nacional, onde no nascimento obtemos a identificação de que todos “Somos Cidadãos Portugueses”, conforme afirma o meu homólogo da Câmara Municipal de Sintra, mas que num “Retrato de Portugal” mais completo, no álbum que o  Sr. Secretário de Estado, Dr. Miguel Relvas bem conhece, se verifica que uns usufruem melhor que outros da  condição de cidadania...

Na verdade, as assimetrias no nosso território nacional, que impõem mais que uma realidade no quotidiano dos nossos concidadãos, evidenciam uma flagrante e angustiante desigualdade de oportunidades e de direitos à medida que a latitude da área da nossa residência se afasta da orla Atlântica e se aproxima das costas de Portugal.

Como caso paradigmático, ilustro com um exemplo, que a ser posicionado temporalmente no século XXI, só poderá – para quem está à distância do facto - ser entendido como mero discurso virtual, mas cuja realidade testemunha uma jovem recém-chegada à universidade, oriunda duma meia encosta da serra a escassos 5 km desta vila, que cresceu sem nunca ter estudado à luz eléctrica na sua habitação!

Neste contexto, é perfeitamente entendível que a maior parte dos nossos jovens, uma vez licenciados, não encontrem condições para constituírem família e se fixarem no interior do país. Esta constatação poderá parecer repetitiva, mas o drama é o mesmo de sempre com os Censos a indicarem claramente o envelhecimento vertiginoso da maior parte das vilas do Alentejo. E, a lógica de que sem pessoas não há desenvolvimento como só é possível o desenvolvimento com pessoas, assume contornos dogmáticos de impossível resolução.

Mais dramática se torna a situação se observarmos que a grande maioria dos jovens tem preferência em residir na terra natal, sem  contudo conseguirem ultrapassar o verdadeiro óbice da inexistência de oportunidades. Neste caso, como em muitos outros, aquilo que seria supostamente virtual também é real. Mas esta é uma verdade insofismável, variável em função do ângulo de focagem da lente, como bem sabe o Sr.  Dr. Diogo Vasconcelos.

Assim sendo, para quem como nós, Autarcas com inevitáveis responsabilidades de colmatar a ausência de investimentos privados no interior do País (porquanto os empresários em pleno direito optam preferencialmente pelas zonas onde as hipóteses de lucro, de expansão das actividades, de captação de mão-de-obra e de quadros técnicos são mais vantajosas), vemos com enorme apreensão a intenção do Governo em continuar a efectuar grandes cortes na área de investimento público que possam vir a acentuar as assimetrias nacionais.

À laia de conclusão, permito-me acrescentar ao tema do Sr. Dr. Agostinho Branquinho o seguinte apontamento, quiçá o mais pertinente dada a composição desta Assembleia. Na realidade, “Fazer Política é Comunicar”, mas, lamentavelmente, nem sempre os políticos comunicam, isto é, nem sempre ouvem e interagem com os interlocutores - esquecendo deste modo a sua obrigação inexorável de representantes do povo. Situação que invariavelmente culmina com os resultados que todos nós sabemos, dado que os eleitores são sempre implacáveis no momento da avaliação.

A política alicerça-se em valores morais e pessoais que a sociedade percepciona e julga, ora relevando, ora eliminando, sempre com o sentido de justeza e probidade em cada acto eleitoral.

Na minha perspectiva pessoal, ter a humildade suficiente de reconhecer que nem sempre se tem resposta para tudo ou que nem sempre se age em conformidade é uma atitude que nos aproxima dos lugares de decisão. Pelo contrário, os carácteres autistas, as personalidades de ostentação e fatuidade conduzem infalivelmente para o lugar dos vencidos.

Pelo exposto, fica portanto claro que, mais do que o importante investimento intelectual e cultural que cada um possa fazer, no sentido de evoluir para estar convenientemente preparado para no futuro desempenhar competentemente cargos políticos, os primeiros passos dessa longa caminhada passam pela sólida construção de uma personalidade individual, cujos valores atrás mencionados são condição sine qua non, exigindo-se que os mesmos estejam profundamente enraizados. Depois, os que alcançarem com êxito esses lugares terão a penosa e difícil tarefa de os manterem.

Em síntese, é este o inevitável percurso de quem ambiciona ser interveniente no fascinante processo de gerir e planificar o território e estruturar o futuro.

Talvez esta linguagem pareça a alguns de  vós demasiado simplista, contudo, a Universidade da Vida é infalivelmente o melhor processo de aprendizagem e de demonstração da verdade que o natural sentido das coisas acaba sempre por determinar.

Finalizo, com a sensação de que me alonguei um pouco mais do que o tempo previsto para as palavras de mero anfitrião. As minhas desculpas pelo facto.

Reitero assim os meus votos dos maiores êxitos para este forum que, com uma galeria de tão notáveis oradores, seguramente se traduzirá num inesquecível momento com profícuos resultados para a formação da nova geração de políticos em quem todos nós depositamos enorme confiança.

Carlos Coelho – Director da Universidade de Verão

Eu já tive o privilégio de fazer um brinde ao nosso Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide. Nessa altura saudei todas as personalidades presentes, com o esquecimento  que me perdoarão dos Presidentes de Câmara do distrito, que estão presentes sempre nos nossos corações mas lamentavelmente faltaram nas minhas palavras. São todos bem vindos à Universidade de Verão 2003 que é uma iniciativa singular que envolve o Instituto Francisco Sá Carneiro aqui representado pelo seu Presidente e também Presidente da Assembleia da República o PSD representado pelo Secretário Geral e a JSD representada pelo seu Presidente. Queria começar por sublinhar alguns agradecimentos pessoais que não posso deixar de fazer nesta abertura.

Em primeiro lugar ao Dr. José Luís Arnaut. Ele é o pai desta ideia. A ele que se deve a primeira Universidade de Verão dirigida aos jovens e depois o apoio político que permitiu desencadear este projecto que hoje se inicia com a participação de todos os que aqui estão. Em segundo lugar à JSD pela participação empenhada, especialmente representada pelo Presidente Jorge Nuno Sá quer pela Secretária Geral,  a Zita a quem agradeço as horas, os dias, as manhãs, as tardes e as noites que perdemos a discutir soluções e a tentar pôr de pé esta Universidade. Agradeço uma vez mais ao Dr. Mota Amaral, Presidente do Conselho do Instituto Francisco Sá Carneiro, o seu apoio e o apoio do Instituto e agradeço a todos aqueles que quiseram participar, que se candidataram e que estão aqui. Este é o meu primeiro sublinhado. Tivemos pela primeira vez uma coisa que não é muito usual numa iniciativa Partidária: um processo de candidaturas. Houve pessoas que se candidataram, umas que foram seleccionadas, outras que não puderam ser porque há limitações, desde logo de espaço e de custos.

Os que aqui estão são os que foram seleccionados. Podemos dizer ao país que temos aqui uma élite. Uma élite de jovens que é representativa da globalidade do país, com diferentes idades desde 17 que são os mais novos até 31 que é o mais velho. Com a Dra. Leonor Beleza (que é uma autoridade na matéria) já tive ocasião de sublinhar a percentagem de mulheres, Damos aqui um exemplo de combate a uma aberração da nossa vida democrática que é reservá-la apenas aos homens. Queremos estimular a abertura de novos caminhos de participação para todos, homens e mulheres e não apenas um dos sexos como infelizmente é muito comum. Temos também um grande equilíbrio regional. Esse equilíbrio regional é apenas, ferido com a circunstância de haver muitos participantes de Lisboa. Mais de 20 participantes são de Lisboa, mais do que estava previsto inicialmente, e esta é a primeira lição política que eu queria tirar convosco nesta sessão de abertura.

Porque é que Lisboa tem tantos participantes? Por duas razões muito simples. Primeiro porque houve outros distritos que tinham a responsabilidade e o compromisso de apresentar candidaturas e não o fizeram.   Lisboa beneficiou com isso. Muitas vezes na política  ganhamos com a deserção do adversário, muitas vezes na política nós ganhamos quando os outros não estão presentes. Mas não podemos apenas ficar à espera que os outros não venham à luta, nós temos que estar preparados. Lisboa beneficiou primeiro da deserção de outros que não apresentaram candidaturas, mas beneficiou porque se preparou. Felicito o Sérgio enquanto actual Presidente da Distrital de Lisboa, pela quantidade e pela qualidade das candidaturas que apresentou. A última referência pessoal que quero fazer é ao Alexandre Picoto que foi o Director do Gabinete de Estudos Nacional da JSD. A vida democrática da vida das Organizações é assim mesmo: uma vezes estamos de acordo outras vezes discordamos, desde que o façamos com lealdade isso é normal e merece o nosso respeito.

O Alexandre Picoto tornou-se deixou de ser o Director do Gabinete de Estudos Nacional da JSD. Ele é o pai de algumas das soluções desta Universidade de Verão, e agradecendo o seu espírito, e a sua participação queria fazer aqui a segunda leitura a segunda lição da política. É que todos nós somos passageiros, hoje estamos, amanhã deixamos de estar, mas se da nossa acção restar alguma coisa, uma semente, algum projecto, alguma ideia, alguma construção que tenha feito o seu caminho, então valeu a pena a nossa participação, o nosso esforço, a nossa entrega. Isso é o mais importante tanto na política como na vida.

Todos receberam nas vossas pastas uma pequena edição intitulada “Quem-é-Quem” todos constamos nela, os participantes e a organização. É uma forma de todos nos revelarmos porque nem todos nos conhecemos, eu não conheço a maior parte e assim, temos um “retrato falado”. Coisas que parecem tão simples, que música gostamos, que tipo de comida preferimos, que filme é que nos marcou, que livro é que nos disse alguma coisa, mas nessas perguntas tão simples vai um pouco de nós. Ao aceitarmos preencher esse questionário vocês e nós, demos um pouco de nós próprios. Assim conhecemo-nos um pouco melhor e a partir deste momento  vamos fazer uma caminhada de uma semana de trabalho.

É também uma coisa original, não é costume nas nossas acções, mas creio que também aí estamos a inovar.

Nós vamos ter a nossa Universidade de Verão, organizada em 3 grandes blocos, os temas (de  manhã na primeira parte da tarde), os trabalhos de grupo e as conferências ao jantar com a participação de ministros do nosso governo. Todos esses trabalhos vão ser realizados à porta fechada com a excepção desta sessão de Aberura e da sessão de Encerramento. Nós vamos trabalhar, não queremos fazer espectáculo. Temos um compromisso enquanto pessoas de intervenção cívica de sermos transparentes, e há um momento para o fazermos,  mas há também um momento para trabalharmos entre nós. Trabalharmos sobre as questões que interessam ao país. Não há ninguém que veja o nosso e o vosso programa, os nossos e vossos convidados para todos os nossos trabalhos que digam que os jovens social-democratas, os independentes que estão aqui hoje connosco, escolhemos Castelo de Vide pelas suas belezas e para estar na piscina. Trata-se de um trabalho sério, de um trabalho esforçado. Haverá, espero,  tempo também para darmos um mergulho na piscina mas estamos aqui para trabalhar durante uma semana sobre questões que interessam a todos nós.

Na vossa pasta estão umas regras que eu pedia para estudarem ao longo da noite. A seguir a esta sessão de abertura vamos ter uma sessão de trabalhos de grupo. Assim que acabar esta sessão vamos dizer como é que os grupos se dividem em termos de espaço, uns ficarão aqui, outros ficarão no piso de cima. Há regras para tudo, são simples mas há regras para os trabalhos de grupo, há regras para os temas e há regras para as conferências para o jantar. Terão tempo para se habituarem a essas regras, só queria falar-vos nas 5 regras fundamentais da Universidade.

A primeira é ter vontade, aquilo que dizemos a todos e que dizemos lá para fora. Os que aqui estão, não estão obrigados, a élite de jovens que está na Universidade, está porque quis estar. Vocês candidataram-se, pagaram a vossa inscrição e foram seleccionadas, estão aqui porque quiseram estar.

A segunda é querer saber mais. Aquilo que nos motiva na Universidade de Verão é saber mais é melhorarmos, é aprofundarmos, é crescermos, Fazemos uma diferença relativamente a quem encara a política como qualquer coisa de diletante ou de menos importante.

A terceira é sermos pontuais. Vamos também aqui marcar a diferença relativamente a um costume infelizmente comum no nosso país, e em muitas das nossas instituições que é nada começar a horas. Tudo vai começar a horas para acabar a horas. As nossas sessões da manhã vão ser entre as dez e o meio dia com a possibilidade de prolongamento por meia hora entre o meio dia e o meio dia e meia se houver perguntas e participação o justifique. A sessão da tarde vai começar às 14:30 com termo às 16:30 eventual prorrogação até às 17 horas. Os trabalhos de grupo vão funcionar entre as 17:30 e as 18:30. Tudo tem horas para iniciar e tudo tem horas para terminar. Peço-vos para mostrarmos que também aqui somos diferentes, que os jovens social-democratas são capazes de mostrar a diferença e fazermos algo que pode servir de exemplo para muitos no nosso país.

A quarta regra é ser solidário. Ser solidário com os restantes membros do grupo de trabalho, ser solidário com os colegas da Universidade de Verão, ajudar a fazer desta acção que é uma acção pioneira, uma acção que sirva de exemplo a muitas outras que seguramente, com o empenhamento do nosso Secretário Geral vão realizar-se.

E a quinta e última é ser construtivo. Não hesitem, quer através dos 5 conselheiros que vão apoiar os grupos, a Filipa, a Zita, o Nuno, o Sérgio, o Mauro, ou directamente a mim, ou a qualquer membro do staff da Universidade, têm todos nas vossas pastas uma folha de sugestões que pode ser assinada se quiserem assinar as sugestões, ou depositar anonimamente numa urna que vamos ter para as votações em que podem depositar sugestões anónimas que queiram dar. Não hesitem em participar, em dar a vossa sugestão, em ajudar a melhorar. Com o esforço de todos, vamos fazer desta Universidade de Verão 2003 uma coisa de que não apenas nos vamos orgulhar como será de exemplo para muitos outros dentro e fora do nosso partido, muito obrigado. (PALMAS)

Jorge Nuno Sá – Presidente da JSD

Sr. Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro, Sr. Secretário Geral do Partido, Carlos Coelho, meus caros convidados, meus caros amigos, é com muito gosto que estou hoje aqui em Castelo de Vide com todos vós, e é com muito gosto que estamos todos a participar nesta Universidade de Verão. Não posso deixar de recordar que as Universidades de Verão em Portugal começaram na JSD, e há duas pessoas nesta sala que estão intimamente ligadas ao início desse começo, o Pedro Duarte o nosso actual Presidente do Congresso e Gonçalo Capitão. Foi a JSD que se preocupou  já há vários anos em começar a fazer estas iniciativas de Verão onde apostava sobretudo na formação política. Quando hoje muitos partidos (e o PSD e ainda bem que o faz também com o Instituto Sá Carneiro) se dedicam a fazer o mesmo nunca é demais lembrar que a JSD já o começou a fazer há vários anos, empenhando-se de forma diferente. Hoje temos um modelo original, um modelo novo, um modelo que em boa hora foi trabalhado por muita gente, mas que não posso deixar de dirigir uma palavra muito particular ao Deputado Carlos Coelho e à sua dedicação. Todos sabemos que, sem ele, este modelo, toda esta estrutura, toda esta Universidade que nos recebe aqui em Castelo de Vide não seria possível.

Porque estamos aqui hoje? Porque fazer política é um acto nobre. Toda a gente o diz, há quem diga que fazer política é uma das artes mais nobres e mais do que criar grupos, fazer eleições, criar listas, ou fazermos aquela política que mais agrada à comunicação social que é a da intriga, que é a do faz de conta, a da conversa nos bastidores, para nós fazer política é lutar por causas, é lutar por aquilo em que acreditamos. e por aquilo que acreditamos. É isso que nos convoca para a acção política.

Servir a causa pública, representar os nossos cidadãos, representarmos a nossa geração, sermos provedores... aquilo que o Carlos dizia e bem há bocado, somos uma elite os que aqui estamos todos porque temos o privilégio de poder participar na vida política activamente do país. E para construirmos algo, é fundamental sabermos o que estamos a fazer.

A última coisa que todos nós queríamos, era ter uma JSD à imagem de esquerda, que fala de muitas coisas, que fala muito alto, que grita muito, mas que normalmente se formos ver à essência, se formos ver à base não há nada que a sustente. Não há formação que o sustente, não linha de orientação ou linha de rumo, isto é o pior que se pode fazer em política, não é política, não é fazer política, é fazer demagogia. E bem precisamos de hoje em dia fazer política, porque nós olhamos para os outros quadrantes políticos e vemos um autêntico deserto de areia. Eu dizia, há uma semana em Caminha na reentrée do partido, que não me importava de discordar das ideias políticas do partido socialista ou dos outros partidos da oposição; importava-me era se eles tivessem uma ... (PALMAS).  E, se calhar é com isso que nos temos que preocupar. E quando eu digo isto, perguntava-me um jornalista hoje há tarde, mas vocês querem substituir a oposição, querem fazer a oposição ao governo?  Não... não é isso que está. em causa. Queremos fazer política, queremos ter ideias, queremos construir o futuro. Pelo que vemos à nossa volta, temos muitos anos para fazer política, muitos anos para construir o futuro e também nos vai caber a nós essa responsabilidade a todos os que estamos aqui nesta sala. Quero desejar a todos uma excelente semana de trabalho. Estou certo de que saíremos todos daqui mais ricos, muito mais sabedores. Teremos vários páineis com muita mais gente que sabe muito e nos pode ajudar muito. Podemos aprender também muito uns com os outros, cada um com a sua experiência, cada um com a sua vivência. Vimos de várias regiões do país, temos muito a aprender uns com os outros. Vamos formar uma geração nova de políticos para, de forma sustentada e de forma séria, construir o futuro deste País, construir um Portugal de sucesso, um Portugal melhor, muito obrigado. (PALMAS)

José Luís Arnaut – Secretário Geral do PSD

Sr. Presidente do Instituto Sá Carneiro, Sr. Dr. João Bosco Mota Amaral, Sr. Presidente da JSD, Sr. Deputado e Director deste curso Dr. Carlos Coelho, Sr. Presidente da Câmara de Castelo de Vide, Sr. Presidente da Distrital de Portalegre, colegas e companheiros que aqui estão, Dra. Leonor Beleza, Dr. Carlos Costa Neves, minhas senhoras e meus senhores, é com particular satisfação que enquanto Secretário Geral do PSD me dirijo a vós neste momento de abertura deste curso.

É, se me permitem, uma dupla satisfação. Uma boa satisfação porque sentir a necessidade este projecto pelo menos, desde há 7 anos, quando participei na primeira Universidade, a primeira vez como convidado da Universidade de Verão do então ainda partido francês RPE.  Vi o modelo, participei, assisti, gostei e recordei também os tempos em que participei, no inicio dos anos 90. nos Lisbon Meetings organizados pelo Dr. Dias Loureiro enquanto Secretário Geral do partido e também pelo Instituto (na altura era o IPSD ). Foi ali que conheci muitos daqueles que hoje são os meus companheiros e amigos, quer no partido, quer no governo quer na Assembleia da República, e autarcas também. Acho que era foi uma boa escola, foi um bom início.

Senti nestes últimos anos falta dessa realidade. Por isso mesmo ao ter e ao sentir esta ideia e esta necessidade e ao ter tido a consciência tranquila nestes últimos 5 anos, que já levo como Secretário Geral do partido, vi que este ano era  a primeira oportunidade que tínhamos para o fazer. Primeira vez por duas razões, primeiro, nos tempos de oposição todas as nossas energias iam para a oposição, e além de estarmos na oposição todos os anos tínhamos combates eleitorais, ou seja, pela primeira vez temos um ano, um mandato e este ano que não há combate eleitoral e além do mais o partido já não está na oposição, portanto necessitamos de aprofundar e poder-mos debater.

Esta Universidade de Verão é também uma escola de Selecção. Selecção de uma élite que foi escolhida, uma élite que participa e dessa élite haverá sempre uma selecção. É para isso que todos os que nós aqui estamos e todos nós participamos. Permitam-me que faça aqui um agradecimento muito particular ao Instituto Francisco Sá Carneiro e seu Presidente, pela forma como desde a primeira hora abraçou esta ideia, e de um modo muito particular ao Sr. Vice-Presidente Dr. Carlos Coelho que é também Vice-Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro. Trabalhou comigo, sentámo-nos há mesa e trabalhámos este modelo. Contámos com o apoio do Dr. João Bosco, o apoio da JSD e assim este curso está hoje em pé, não se deve a uma ideia que foi tida, mas sobretudo deve-se ao trabalho de um entre nós que é o Carlos Coelho. Estas minhas sinceras homenagens e agradecimento em nome do partido, ao Carlos Coelho enquanto Vice-Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro que se dedicou de alma e coração a esta Universidade de Verão e à concepção, e à realização, e à concretização deste modelo. (PALMAS)

Queria aqui deixar estas palavras de reconhecimento. Esta Universidade de Verão tem uma dupla responsabilidade também. Dupla responsabilidade porque nós hoje temos responsabilidades governativas somos chamados, a governar o país. Espero que desempenhemos essas funções e essas obrigações por muitos anos. Por isso as nossas responsabilidades aumentaram, a nossa necessidade de seleccionar os melhores também aumentou, e por isso mesmo esta Universidade de Verão é por si só já reveladora da sua importância.

E depois por um segundo factor, nós hoje somos a primeira geração do pós 25 de Abril que tem responsabilidades executivas no país. Com o Dr. José Manuel Durão Barroso, surgiu a primeira geração do pós 25 de Abril que foi chamado a funções do mais alto elevado nível do país. Muitos de nós nasceram nos anos 60 e muitos ainda já nasceram nos anos 70. Portanto vocês que estão aqui que nasceram no final dos anos 70/80, está a chegar a vossa hora. É através de acções de formação, através da especialização, através do aprofundamento do conhecimento, da realidade e do país em que vivemos que nós vamos tentar sempre buscar e ter no nosso partido aquilo que consideramos serem os melhores. Porque não nos basta sermos muitos, precisamos sobretudo de ter entre nós sempre os melhores. Esse é o critério, essa foi a nossa vitória, esse é o nosso exemplo e essa terá que ser a nossa senha para o futuro. Por isso a vós que foram os seleccionados, esta élite seleccionada, estou certo que entre vós surgirão os melhores no futuro, muito obrigado. (PALMAS)

João Bosco Mota Amaral – Presidente do Instituto Sá Carneiro

Sr. Secretário Geral do Partido Social-Democrata, Sr José Arnaut, Sr. presidente da JSD Jorge Nuno, Sr. Magnifico Reitor da Universidade de Verão Sr. Carlos Coelho, então!... a Universidade tem que ter um Reitor e não vejo ninguém mais adequado para a função do que o Carlos Coelho. É preciso que se diga que sim senhor o Instituto Francisco Sá Carneiro apoia esta iniciativa, mas quem a engendrou quem a fez toda foi o Carlos Coelho e com isso estou-lhe muito agradecido. Felicito-o, José Luís Arnaut que se empenhou de alma e coração nesse projecto como um projecto importantíssimo para o Partido Social-Democrata. Saúdo também os ilustres responsáveis aqui presentes Sra. Vice presidente da Assembleia da República Sra. Deputada de Portalegre Sr. Leonor Beleza, Secretário de Estado dos Assuntos Europeus Carlos Costa Neves, um velho amigo, Presidentes de Câmara, dirigentes do partido social democrata por estas paragens, minhas senhoras meus senhores, e enfim, vejo tanta gente nova que me apetece dizer, minhas meninas e meus meninos. (RISOS)

- Ora bem... é um bom sinal!... é um sinal de que estamos cheios de juventude e não é de forma nenhuma uma reunião de maiores... bom... fui prevenido que o meu tempo é limitado, e fiquei feliz porque acho que é assim que deve ser. É bom o principio de fazer respeitar sempre as limitações de tempo e na Assembleia da República (ainda aqui há pouco falava na minha qualidade de Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro mas claro é a mesma pessoa e portanto prefiro fazer a separação), mas de maneira que uma das minhas funções é exactamente garantir o respeito pelos tempos. Tenho lá o chamado botão mágico, um botão no qual eu carrego e o orador fica a falar mas ninguém o ouve. É a única maneira de fazer respeitar os tempos, fazer apelos ao coração não dá. (RISOS)

Ora bem, o programa desta semana é excelente. Vai permitir fazer uma reflexão sobre a situação no nosso país. Haverá aqui a intervir pessoas altamente preparadas. Estou certo de que os debates que se vão seguir serão interessantíssimos, de modo que depois de ouvir as intervenções iniciais senti-me naquela difícil posição de que vi o seu discurso roubado. Ora bem, eu juntei aqui umas quantas reflexões sobre alguns temas que não constam no programa e no entanto são fundamentais, cabem por isso concerteza naquilo que no início os trabalhos de uma Universidade poderia ser a oração de sapiência, só falta ter trazido a borla e o capelo para poder fazer a oração da sapiência, com todo o rigor. (RISOS)

Vou falar aqui em algumas questões, duvido que possa abordar todas por causa da limitação do tempo, mas falar de algumas que não podem de forma alguma ser ignoradas, sub-avaliadas, desvalorizadas por quem interessa pela política.

Devo dizer-vos que fico surpreendido e entusiasmado ao ver tantos jovens rapazes e raparigas que vêm de todo do território do nosso país interessados em trabalhar durante uma semana, numa semana em que podiam dedicar-se ás férias mas quiseram debruçar-se sobre questões de natureza política. Há todo um discurso negativista à cerca da política, como se ela não fosse afinal uma arte nobre aquela que se relaciona com a realização de interesses colectivos. Julgo que se tem desvalorizado a política nos últimos tempos com a tendência para a considerar apenas uma técnica, a técnica de conquista e manutenção do poder. Ora a política é outra coisa na qual a conquista e a manutenção do poder se insere na realização de objectivos e valores que estes sim é que nos motivam, e estes sim é que nos trazem ao compromisso político. (PALMAS)

Política é uma arte de governar, é uma ciência, a ciência do governo, mas como se realiza através dos comportamentos humanos e decorre no seio da sociedade portanto entre homens e mulheres, a política está também submetida aos critérios da ética e há mesmo uma estética da política. Há coisas que estão bem, e há coisas que são belas no comportamento político, e há coisas que estão mal e outras que são horríveis no que diz respeito ao comportamento político.

Nós que temos pela nossa natureza racional a possibilidade de discernir a verdade do homem, os seus fins últimos aquilo que é o bem e o mal, também aquilo que é o belo e o que é o horrível, sabemos certamente conduzir o nosso comportamento de acordo com os valores fundamentais. Para nós política, para nós sociais-democratas tendo como ponto de partida uma noção básica e essencial que é a pessoa humana, a política visa organizar a sociedade, dirigir a sociedade, governá-la, mas tendo em vista os serviços à pessoa humana. E a pessoa humana somos afinal cada um de nós, porque cada homem, cada mulher é pessoa, impõe-se à sociedade, ao Estado pela sua eminente dignidade, daí que decorre o imperativo da liberdade, liberdade pela qual todos devemos lutar, da liberdade que se impõe perante cada um, pelo respeito que se deve à liberdade do outro, pela procura dessa liberdade entre todos.

A democracia é afinal, a forma de organização do Estado que melhor garante as liberdades de cada um, e os partidos políticos são um instrumento para a realização desses objectivos, através do funcionamento do regime democrático. Visamos realizar na sociedade justiça, dar a cada um aquilo que é seu, a solidariedade porque nos aproximamos uns dos outros e partilhamos os mesmos objectivos, os mesmos fins, os mesmos problemas. Todo o nosso comportamento no desempenho de qualquer actividade política tende a realizar-se no respeito integral da verdade. Prosseguimos com a política o quê? o bem comum? o benefício geral e procuramos que o Estado, e quando digo o Estado digo os seus diversos afloramentos... as diversas manifestações do poder político, procuramos que o Estado seja pessoa de bem. Tudo isto é o fundamento da nossa oposição visceral à manipulação do Estado, ao abuso do poder. O exercício do poder conseguido na sociedade democrática através das eleições livres, tem de ser norteado sempre por esses valores, porque não podemos apenas exercer o poder temos de merecê-lo recusamos por isso a impostura, a mentira, o esmagador da liberdade dos outros, o agir injustamente e prejudicando os outros, o... fazem com que o Estado se apresente perante os cidadãos como um factor de dominação e não um instrumento de serviço.

Todas essas exigências transpõem-se hoje em dia para o funcionamento das nossas sociedades democráticas. É preciso que a política seja transparente, é preciso que os políticos e os povos sejam igualmente transparentes. Que o seu comportamento, os seus objectivos, as suas intenções, os resultados da sua actuação política sejam conhecidos pelos cidadãos, e avaliados por eles. Todo o poder deve ser limitado, a limitação do poder através da separação dos poderes, através da existência de uma sociedade plural, plurinstitucional em que nós não somos apenas cidadãos do Estado, mas somos também participantes nas diversas instituições da sociedade, a começar pelas famílias, pelas entidades de vizinhança, pelos bares onde trabalhamos, pelas empresas, pelas academias científicas, pelas Universidades, todas essas entidades. A opinião pública é um dos pilares fundamentais numa sociedade democrática. Todas essas realidades funcionam como limitação do poder. Um poder limitado é próprio do poder democrático, e é enriquecedor e uma garantia para a liberdade dos cidadãos que assim aconteça.

Agora quero tratar de um assunto tão brevemente que é fundamental, quem serve quem? Nesta relação complexa entre a pessoa, o Estado, os partidos, e reporto-me a Francisco Sá Carneiro que foi o fundador do Partido Social Democrata (e é o patrono do Instituto Francisco Sá Carneiro a que tenho o gosto de presidir), quando deixava com muita clareza este princípio; em primeiro lugar está Portugal, depois está a democracia, depois está a social democracia. Às vezes alguns parece pretenderem que o partido esteja acima de tudo, mas essa é uma visão autoritária, radicalmente contrária aos princípios personalistas que são o fundamento da social democracia, da ideologia, da principiologia, do partido social democrata.

Nós entendemos que o Estado serve a pessoa. Os partidos servem o Estado de uma forma indirecta. Esta é a relação saudável ao trabalharmos, ao participarmos no partido político, queremos difundir os nossos princípios, os nossos objectivos, os nossos programas, organizar o funcionamento da democracia em torno destes programas. Se porventura obtivermos vitórias em eleições (que é a única maneira de exercer o poder do Estado nas sociedades democrática), havemos de exercer o poder conforme estes mesmos princípios, e ao prestigiarmos o Estado e ao fazermos com que o Estado funcione bem acabaremos por melhorar as condições de vida das pessoas e sobretudo assegurar maior liberdade, maior justiça entre os nossos concidadãos.

Durante estes dias concerteza vai-se tratar aqui, do funcionamento do Estado. Vão ser examinados alguns problemas sectoriais que o nosso país enfrenta, mas à cerca do Estado não se trata apenas saber como é que ele funciona, é preciso também criticar esse funcionamento, e determinar se ele funciona bem, se é possível funcionar melhor, em que medida e em que condições ele pode funcionar melhor.

Certamente aqui se falará á cerca da reforma do sistema político e das propostas que o Partido Social Democrata tem vindo a elaborar relativamente a essa matéria. O nosso partido muitas vezes é acusado de estar permanentemente a falar de reformas estruturais e de alterações constitucionais, mas tudo isso resulta em boa parte de não termos sido ouvidos na altura certa que foi quando foram apresentadas as questões fundamentais sobre a organização do Estado português após o 25 de Abril. Se hoje formos conferir a Constituição que nos rege, revista já em diversas ocasiões (e a última delas em 1997), com a proposta inicial do Partido Social Democrata, apresentada na Assembleia Constituinte em 1975, verificaremos que esta democracia evoluída, elaborada, madura que é a que temos hoje, em boa parte estava perfilada nas propostas iniciais do Partido Social Democrata.

O que acontece é que naquela altura se vivia uma deriva revolucionária, e se impuseram determinadas soluções que se veio a verificar serem ao fim do tempo insuficientes ou até negativas, por isso elas foram mudadas, conforme a bondade das nossas propostas iniciais tão bem elaboradas, tão bem pensadas conforme o mistério político de Francisco Sá Carneiro.

Não vou alongar-me sobre os pormenores desta matéria, isso fica para outra altura, era para resolver um problema que tenho agora com o Pedro Santana Lopes há cerca da existência ou não do senado, como sabem uma das propostas do Vice-Presidente do PSD é a criação do senado, que me tem contrariado.

Sobre as grandes opções relativamente às organizações do Estado, todos sabem que é possível orientar a organização do estado de vários modos. Mas nós, no começo do Século XXI, estamos a beneficiar da experiência, de uma situação que resulta do fracasso de certas experiências fundamentais sobre a organização política do estado. O comunismo como toda a sua ferramenta totalitária, e o próprio socialismo sofreram um choque, um insucesso terrível nos últimos anos do Século XX. O comunismo foi qualificado por uma personagem conhecida, como o embuste do Século e o socialismo acaba totalmente desacreditado. Hoje onde é preciso actuar é no equilíbrio da democracia liberal, da economia liberal. O liberalismo revelou-se também cheio de problemas, porque (como aliás alertaram logo na altura da queda do muro de Berlim algumas vozes especialmente autorizadas), esta experiência do liberalismo sem freios já foi feita antes e não deu resultado.

O arranque da revolução industrial no começo do Século XIX veio a ter como consequência dialética a emergência das propostas socialistas e do comunismo que foi a mais forte e a mais vigorosa delas todas. Ora bem, não vale a pena repetir os erros de há quase 200 anos.  Trata-se de encontrar fórmulas novas que afinal também já são experimentadas e têm tido sucesso nos países onde se puseram a aplicar, que são em última análise as de uma social democracia.

O Estado deve ser disciplinador e revelador na sociedade, não pode de forma alguma cruzar os braços e deixar que a mão invisível do mercado faça resolver todos os problemas.

Está à vista de todos que tal não acontece. O que resulta dessa regra dos princípios neo-liberais é um agravamento dos desequilíbrios sociais, um agravamento dos desequilíbrios económicos dentro de cada uma das sociedades e no conjunto dos países do mundo afectados por estes fenómenos e portanto da revolução tecnológica que é a globalização. O Estado fraco e impotente perante o poder económico acaba por ser um prejuízo para os mais fracos porque eles ficam  sujeitos a todas as formas de exploração. É indispensável um Estado que seja disciplinador e regulador da sociedade, e só assim se consegue realizar a justiça social. É por esses princípios que se norteia a social democracia, renovada, defendida, promovida pelo Partido Social Democrata.

Vou agora deter-me àcerca do exercício democrático do poder, e  numa questão que está para aqueles que já surgem na geração dos computadores e da internet como um ponto essencial de reflexão. É o dilema aparente entre a democracia representativa e a democracia participativa, o mito, a ilusão da democracia directa.

 Há quem anteveja num futuro já próximo, a possibilidade de todos intervirem, todos tomarem decisões, e estas decisões serem contabilizáveis e apuráveis através dum sistema de computadores que ligue todos os cidadãos aos orgãos do Estado.

Por mim considero esta visão um autêntico pesadelo, e julgo que é fundamental para a garantia das liberdades, para a realização equilibrada do bem comum, revigoramento, a reafirmação da democracia representativa.

Os juizos sobre o bem comum, muitas vezes é um juizo contra a tendência maioritária, porque muitas vezes, (ou algumas vezes pelo menos isso é já mais do que suficiente) os grandes objectivos não são imediatamente perceptíveis, mais ainda num tempo como o nosso em que tudo parece girar à volta da realização do interesse imediato. Ora há grandes objectivos para a sociedade, que é importante experimentar que prometem realizar tantos interesses gerais de todos os cidadãos mas que na fase imediata exigem sacrifícios. Em boa parte o discurso político do Presidente do Partido Social-Democrata, que é Primeiro Ministro, mas ainda há dias no discurso que proferiu no comício da chamada Reentrée, sublinhava esses aspectos. Há sacrifícios que é preciso fazer de imediato para obter vantagem superior. Ora se nós nos vamos guiar apenas pela impressão imediata nunca mais conseguimos realizar, objectivos profundamente fundamentais.

Um documentário que vai esta semana sublinhava que a  Califórnia, está à beira da falência porque através de mecanismos de democracia directa, foram feitos cortes nos impostos, foram feitos aumentos nas despesas e para salvar a situação talvez seja preciso mandar vir o terminator, (RISOS). Vai-se ver depois o resultado... claro que isto é uma decisão livre dos cidadãos californianos. recordo também uma conversa que tive há tempos com a minha então homóloga do Bundestag, e perguntei-lhe “vão fazer na Alemanha um referendo sobre a entrada da Alemanha no Euro?” e a resposta dela foi, “não! porque se fizermos perdemos”. (RISOS)

Parece paradoxal, onde está a democracia nisto? Está na assumpção plena das responsabilidades dos representantes legítimos do povo eleitos democraticamente e que têm que assumir a sua responsabilidade, com coragem e com a sua concepção do bem comum pela realização do interesse geral. Mesmo com as limitações e incompreensão de alguns o euro era um objectivo importantíssimo para a Europa, para este grande espaço em que todos nós temos de viver, porque nele vivemos em paz. Temos duas gerações de cidadãos europeus que vivem em paz, que não experimentaram os horrores de uma guerra. Em gerações e gerações, isto nunca aconteceu e a incompreensão de alguns, não justificaria de forma alguma perdermos esses grandes objectivos.

Tive há tempos a possibilidade de conversar com um grande especialista no e-govermment, que é uma das novidades dos nossos dias: o governo electrónico. Todos os fidalgos a mandarem mensagens para um computador central, bom... e depois, os responsáveis pelo computador central feitos malucos a lerem as mensagens e a procurarem tirarem dali alguma linha de rumo... (RISOS) bom espero não estar com isso a pôr em causa uma exposição sobre o e-govermment que vai aqui ser feita pelo Diogo Vasconcelos que vai demonstrar que é o melhor do mundo, sem dúvida. Esse senhor era um americano de uma pequena cidade da América (para o tamanho americano) para aí com 200 mil pessoas, e estava felicíssimo porque havia lá um sistema de e-goverment, Naquela altura não era altura dos Blogs, e eu perguntei “e quantas mensagens vocês recebem? 4 mil, havia 4 mil cidadãos que. Comparando com o número total de cidadãos, pergunto “mas qual é a finalidade disto?”  E não poderá fazer cair a democracia na mão de um grupo de um pequeno grupo minoritário activista? Activistas dos meios informáticos, os tais que passam noites a fazer comentários em blogs e esperam que alguém os leia no dia seguinte? (RISOS) Isto é apenas a justificar-me por ainda não ter criado um blog, mas não se espantem se daqui a dias aparecer com um blog, agora é o que está a dar, bom, mas sem esperanças que mo leiam (RISOS) portanto todo o papel da democracia representativa, o papel dos eleitos, é afinal uma garantia do exercício responsável do poder.

Hoje nas nossas sociedades, existe um risco sério, e é  do populismo. É aquela política de dizer sim a tudo, todas as pessoas que nós encontramos, concordamos e achamos que é bem, que deve realizar-se aquilo que ele propõe, depois acabamos por concluir que é impossível harmonizar tudo isto.

Tivemos a experiência nestes últimos anos de uma política do género, dizer sim a tudo e depois vir atirando pela janela fora os recursos financeiros e depois num belo dia as caixas chegam ao fundo, é altura de sair pela esquerda baixa, o mais baixo possível. Não é a maneira de encarar o exercício de poder, no Partido Social Democrata. Por isso estou certo que nesses dias de reflexão, ao longo desta Universidade de Verão, por aqui se falará de outra maneira.

Esta vertigem do populismo acaba por encaminhar para a anarquia, para a confusão, para a barafunda. E atenção: a confusão, a desordem, a anarquia, têm uma única consequência, terrível que é o autoritarismo. Porque na altura ninguém se entende com a desordem que se desencadeia, os cidadãos preparados podem estar dispostos para ceder as suas liberdades, a fim de haver segurança. E  garantir a segurança das finalidades do Estado.

Será talvez... a primeira das finalidades do Estado, a primeira razão que levou os homens a organizarem-se numa sociedade política com diferenciação entre governantes e governados. Governar com o monopólio da força ao poder político, para garantir a segurança contra os adversários, contra os invasores.

Na altura em que a sociedade não se organiza, a resposta acaba por ser o autoritarismo. Pois bem meus amigos, e com isto tenho de encerrar a minha intervenção, deixem-me só deixar-vos aqui os assuntos que vocês não vão poder ouvir, um deles era sobre o poder mediático, era um tema escaldante mas não vou poder abordar esse tema porque já não tenho tempo.

Havia depois uma parte sobre o chavão... o chavão económico social e aquela nebulosa cinzenta que tanto prejudica e tanto desmotiva os cidadãos que não sabem afinal quais são as propostas, que não sabem como é que se planificam as coisas na altura das eleições. Gostava de falar um pouco sobre as novas questões, da sociedade que hoje em dia são tão actuais, o aborto, o DNA, a clonagem, a eutanásia, a experiência com embriões. Como vêem tínhamos aqui conversa para o resto da noite mas não é possível porque a hora terminou, tive este gosto de estar aqui esta noite, muito obrigado. (PALMAS)

Carlos Coelho – Director da Universidade de Verão

Bem, antes de dar por encerrada esta sessão formal de abertura queria pedir-vos só mais duas coisas.

Em primeiro lugar para assinalar (só soube isso agora) que há dois entre vós, que estão aqui num dia muito especial e que portanto decidiram estar na Universidade de Verão no dia do seu aniversário, e eu proporia que cantassemos os parabéns ao Sérgio Dias e ao António que fazem hoje anos. (cantou-se os Parabéns a Você)

E agora vamos todos, para a primeira reunião dos trabalhos de grupo, e eu pedia ao Sérgio Azevedo que reuna os grupos Beje e Castanho na sala do jantar. E aqui estão os estandartes dos grupos bege e castanho que vão marcar os vossos espaços de trabalho, quer nas reuniões do grupo de trabalho, quer nas conferências ao jantar. (Foram entregues ao Sérgio Azevedo os estandartes dos Grupos Beje e Castanho).

A Filipa... a Filipa Guadalupe, vai ficar nesta sala com os grupos cinzento e rosa.

(Foram entregues ao Sérgio Azevedo os estandartes dos Grupos Cinzento e Rosa).

A Zita vai para o primeiro andar ao pé da lareira, onde estava a mesa da presidência no jantar, com os grupos verde e vermelho, sugerindo a bandeira nacional. (PALMAS) (Foram entregues ao Sérgio Azevedo os estandartes dos Grupos Verde e Vermelho).

O Nuno Neto vai ficar aqui no auditório com os grupos amarelo e laranja. (Foram entregues ao Sérgio Azevedo os estandartes dos Grupos Amarela e Laranja).

E o Mauro vai estar na parte central do da sala de jantar, com os grupos roxo e azul! (Foram entregues ao Sérgio Azevedo os estandartes dos Grupos Roxo e Azul).

Portanto eu pedia a todos, que se dividissem pelos grupos. E desejo um BOM TRABALHO.